Travessias – Contos Migratórios – Jornal Tribuna de Macau

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12 de Dezembro, 2019

“TRAVESSIAS” PELAS VIVÊNCIAS NO EXTERIOR

15 MAY, 2015

 

A obra “Travessias – Contos Migratórios” integra histórias criadas a partir de vivências de Dora Nunes Gago no estrangeiro, com especial destaque para o caso do Uruguai. A viver na RAEM há três anos, a professora da Universidade de Macau considera a estadia no território “uma experiência muito gratificante e de aprendizagem”

Editada em Dezembro do ano passado, a obra “Travessias – Contos Migratórios”, de Dora Nunes Gago, compila histórias escritas ao longo de 12 anos, incluindo textos redigidos em 2002/2003, altura em que a autora regressou do Uruguai, onde viveu durante um ano.

O livro “acaba por ser uma ficcionalização das vivências e de experiências que tive ao longo destes últimos anos, por isso, [escrevê-lo] foi muito interessante”, explicou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.

A realidade do país da América do Sul está retratada num segmento denominado “Contos do Rio da Prata”, onde foram compiladas histórias como “O Sagitário”, sobre um homem que foi dos Açores para o Uruguai e se tornou “domador de cavalos, que é uma das profissões que ainda existe muito” naquele território, contou a autora, acrescentando que o conto tem por base “uma notícia, uma história verídica”.

Outra narrativa “tem a ver com o tráfico humano”, afirma, referindo-se ao conto “A Caçadora de Ilusões”, que conta a história de Mariana, jovem convidada a gravar um CD por um homem que a aborda na rua e que no futuro a força a prostituir-se. Porém, ressalva, “há outras [história] que têm a ver com memórias e outro tipo de travessias”.

Viver no Uruguai, afirmou a professora da Universidade de Macau (UM), “foi uma experiência positiva apesar de ter vivenciado uma altura crítica que culminou com a banca rota na Argentina” e, por um breve período, no país onde estava.

Em Macau desde Fevereiro de 2012, Dora Nunes Gago faz um balanço positivo das vivências no território. “Macau também está a ser uma experiência muito gratificante, interessante e de grande aprendizagem em todos os sentidos”, contou.

A autora dá especial destaque às diferenças ao nível da cultura que adjectivou de “muito rica, onde há uma grande diversidade de línguas e uma grande mistura de muitos componentes ao nível cultural e humano”, sublinhando ainda o contacto com as pessoas e a “adaptação a um mundo completamente diferente”.

A maior dificuldade sentida na adaptação a Macau foi a língua. “Quando uma pessoa não domina o cantonês é preciso arranjar estratégias”, gracejou, admitindo que “a comunicação em certos contextos foi um dos grandes desafios”.

A docente da UM participou na quarta-feira numa conferência onde se debateu a “Memória e História na Escrita de Macau”, durante a qual apresentou um estudo que desenvolveu sobre a obra “Estátua de Sal” de Maria Ondina Braga, inserido num projecto que tinha como objectivo fazer um levantamento da imagem de Macau e da China na obra da autora.

Inês Almeida 

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