Morreu um poeta
Morreu um poeta. Quando morre um poeta, o mundo fica mais frágil e inseguro: João Mendes Rosa deixou-nos um destes dias. Olhai o céu: há uma estrela que brilha a norte. Poeta imenso, senhor de um vasto currículo na poesia, mas na cultura em geral, senhor de uma força interior que lhe vinha do seu ser mais profundo. A Editora Edições Esgotadas perdeu um dos seus melhores poetas e senhores do mundo. “Magma que ficou” foi a herança que nos deixou. Que é de todos. Nossa, do mundo.
Deixamo-vos com as palavras do seu grande amigo, Fernando Carmino Marques, no prefácio de “Magma que ficou”:
“A poesia transfigura-se então em desejo de um
tempo que se sabe fluir em direção ao nada, mas
que deixa a sensação de poder ser alcançável para
quem faz da palavra, arrancada ao âmago do ser, sua
redenção, oxigénio e seiva consciente de quem resiste
às ofensas da vida:
nós vivemos da respiração dos vocábulos
ornados de ilusão e infinito. Nós, os loucos
que ainda caminhamos sob o signo absurdo
da alienação
que nem canapés nem fármacos podem sarar.”