João de Araújo Correia (1899-1985) é um dos autores mais representativos da literatura portuguesa
do Século XX. A ele se referiu Aquilino Ribeiro como «O mestre de nós todos». Apesar de ter sido
um médico ativo, dando sobre esta atividade um testemunho importante na conferência
“Depoimento de João Semana sobre a Vida Clínica na Aldeia” (1944), notabilizou-se como contista,
cronista e novelista, tendo ainda editado um volume de poesia intitulado Lira Familiar e textos
dispersos de reflexão sobre a cultura e a língua portuguesa, sendo um firme defensor da pureza
desta.
(…) nos seus contos cruzam-se todas as figuras autênticas do mundo genuíno que o rodeia: o homem
afeiçoado à terra, por avidez perversa ou por apego espontâneo, o vagabundo alienado ou honrado,
o padre, o cavador, o poeta,
o empregado, o médico, o advogado, o professor primário, o fidalgo de rompantes que lembram o
plebeu e o plebeu que aspira a fidalgo, o autoritário e o simples, o somítico e o caridoso, o santo e
o perverso, e as mulheres que libertam ou que perdem, conformadas ou revoltadas, apaixonadas
ou levianas. Estas figuras e os conflitos que procriam, com seus encontros e desencontros, dados
através duma ferramenta expressional de admirável eco, que sabe moldar-se aos dizeres humildes
e castiços e elevar-se às alturas do verbo poético, têm talvez o seu equivalente num mundo acima
do real a que muitas das personagens aspiram e que é o realismo de João de Araújo Correia.
In “Nota sobre João de Araújo Correia e o conto ‘Milagre’”
Peso | 208 g |
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Dimensões (C x L x A) | 14 × 0.8 × 21 cm |
Editora | Theya |
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