Os Tendeiros

““Os Tendeiros” é a saga de uma família rural portuguesa, entre os anos de 1877 e 1985. Nasce como um “projecto para uma grande série televisiva”, de vinte a trinta episódios com uma duração de cinquenta minutos cada, mas o que se vê e lê não é um guião. É um romance “guionado”, um romance-guião. É, não tenhamos medo das palavras, uma obra estranha. Um guião que acaba num romance (inacabado)… cheio de teatro. Confuso? Só na aparência.
(…)
“Os Tendeiros” ficaram, é um facto, inacabados. Assim tinha de ser. Não foram derrotados pela morte, nem pela incapacidade. As ideias seguiram o seu caminho, viveram e “ficaram a aboborar” na cabeça do autor, ganharam outra vida, seguiram outro guião. Algo natural à criação e, por isso, familiar a Jaime Gralheiro: “o autor sonha uma peça, escreve uma outra, os actores representam uma terceira e o público vê e ouve uma quarta”. Foi este o destino de “Os Tendeiros”. Sonhados e escritos pelo autor, foram representados e levados a cena em atos e palcos diferente.”

Rodrigo Gralheiro, in “Prefácio”