Aura Seabra Morais Afonso

“Do início ao fim da vida, cruzamo-nos com outras vidas, umas vezes episodicamente, outras de forma duradoura. No seio da família, são os membros mais próximos a marcarem a nossa existência. Emprestam-nos modos de falar, jeitos para solucionar problemas, procedimentos, gostos, histórias passadas, experiências e vivências. Casos há de pessoas portadoras de valores e crenças que influenciam boa parte do nosso comportamento. Na vida de Aura, não foi apenas importante a sensibilidade artística recebida nos genes paternos. Há, também, todo um acervo de valores provenientes de um conjunto mais vasto de familiares. Quando, em 1912, ocorre o casamento dos pais de Aura, são duas famílias, cheias de conhecimentos e vivências que, ao unirem-se, constituem o ambiente propício ao despertar de Aura para os grandes enigmas da vida. (…) A obra de Aura, a “artista que pede licença por ter talento”, como alguém escreveu sobre ela, ficou a meio caminho. Mas o que Aura realizou, o que suas mãos criaram, é bom demais para permanecer no esquecimento. Eis a razão de ser deste livro, onde reuni o que ficou da obra, enquadrando a sua vida no contexto mais vasto da família e da história.”

Rogério Seabra Cardoso, in Nota do Autor