Maria do Monte Santana e Vasconcelos Moniz de Bettencourt (1810-1884) nasceu numa família privilegiada da Madeira, rodeada de personalidades ligadas às letras. A autora dedicou três dos seus livros ao romance histórico, sendo, com O Cura de São Lourenço, a primeira mulher em Portugal a afirmar-se no género, onze anos depois de Alexandre Herculano ter publicado Eurico, o Presbítero. Educada na língua e cultura francesas, terá sido natural a escolha da Revolução Francesa para pano de fundo da ação deste romance.
Terreno fértil para a urdidura da trama, a revolução serve, também, para revelar a posição de Maria do Monte em relação às novas ideias liberais, considerando que, não obstante a sua pertença à mais antiga “nobreza” insular, a autora não condena os ideais revolucionários, mas antes os relaciona com uma ideia de liberdade que lhe agrada.