Maria Celina Sauvayre da Câmara (1856-1921) nasceu no Funchal a 1 de setembro de 1856, no seio de uma família de posses e com tradições culturais, em particular na área da literatura, o que tornava possível vaticinar-lhe um futuro promissor nessa área. A sua avó, Matilde de Sant’Ana e Vasconcelos, Viscondessa das Nogueiras, tinha-se tornado um vulto marcante das letras nacionais ao publicar, em 1862, os Diálogos de uma Avó e suas Netas, obra de caráter moralista e didático que foi escolhida pelo Conselho Superior de Instrução Pública para uso nas escolas. Aventureira, curiosa, atenta aos detalhes, sempre pronta a encontrar o pormenor estranho e divertido, Maria Celina, sempre saudada em Lisboa quando regressava das suas viagens com grande entusiasmo e interesse, como o testemunham os jornais da época, oferece no seu Diário um exemplo de literatura de viagens portuguesa no feminino. Sem ficar atrás da vasta tradição anglo-americana dos diários de viagem escritos por mulheres, a autora dá aos leitores um relato que se inclui na vertente cosmopolita da literatura portuguesa, pela atenção ao outro e pela capacidade de se integrar no mundo.