José da Fonseca Lebre
José da Fonseca Lebre nasceu em Viseu, em 21 de novembro de 1870, onde passou a sua infância e juventude.
Ingressou no Curso de Infantaria da Escola do Exército em 21 de outubro de 1896. Promovido a alferes em 3 de março de 1898, é colocado no Regimento de Infantaria 14, em Viseu
Em 1905 inicia uma longa comissão na Guarda Fiscal, sendo sucessivamente comandante dos Postos de Miranda do Douro e de Melgaço e, em 1908, já com o posto de capitão, comanda a 3.ª Companhia da Guarda Fiscal sediada em Valença.
Em 1914, com o início da 1.ª Guerra Mundial, oferece-se para prestar serviço na Força Expedicionária nomeada para prestar serviço noSudoeste de Angola, comandada pelo tenente-coronel Alves Roçadas. Para integrar aquela força expedicionária foi mobilizado um Batalhão do Regimento de Infantaria 14 de Viseu, tendo sido entregue o comando da 10.ª Companhia desse Batalhão ao capitão José da Fonseca Lebre.
A Força Expedicionária chega a Moçâmedes, em 1 de outubro de 1914, tendo marchado inicialmente para o Lubango e depois para Sul. Os combates com as forças alemãs implicaram pesadas baixas nos militares portugueses, assim como grandes perdas de material. As condições do terreno, a severa seca que se verificava no Sul de Angola, a falta de água e as deficientes instalações implicaram um elevado número de militares doentes, tendo o número de baixas por doença no Batalhão de Infantaria 14 ultrapassado os 50% em junho de 1915. O capitão José da Fonseca Lebre foi um dos atingidos pelas febres palustres, tendo sido evacuado para o Lubango no início de 1915, regressando à Metrópole em junho desse ano.
Nunca mais a sua saúde se recomporia. Os anos que se seguiram foram de baixas constantes ao Hospital Militar, vindo a contrair tuberculose, doença que lhe viria a ser fatal.
Terminou a sua carreira militar como comandante da Casa de Reclusão Militar de Viseu com o posto de tenente-coronel.
Desde cedo José da Fonseca Lebre aderiu aos ideais da República, tendo, em várias ocasiões, sido chamado a demonstrar o seu apego a esses ideais.
Participou em intensa atividade de divulgação dos ideais republicanos na cidade de Viseu, desde 1899, quer na sua unidade, o Regimento de Infantaria 14, no Centro Liberal de Viseu e numa Conferência Republicana promovida pelo Dr. Bernardino Machado, em 1903; durante o consulado de João Franco, 1906 a 1908, e como comandante da Guarda Fiscal no Minho, recusou-se a participar em cerimónias oficiais em representação da sua unidade; aderiu ao Grande Oriente Lusitano em 1901, pertencendo à Loja Viriato, em Viseu, tendo assumido o nome simbólico de Garrett; em 1912, aquando das revoltas monárquicas lideradas por Paiva Couceiro, como comandante da Companhia da Guarda Fiscal do Minho, conteve com a sua unidade as forças revoltosas em Valença, tendo a sua ação merecido público louvor do Exército.
Casou com Palmira Adélia Martins Lebre em 1898, de quem teve seis filhos.
José da Fonseca Lebre foi um homem de cultura e uma inteligência acima da média o que lhe é reconhecido por todos os seus comandantes nas diversas informações que sobre ele foram produzindo. Demonstrou, para além da escrita, importantes dotes para o desenho e para a música. O livro “Locuções e Modos de Dizer” terá sido escrito nos últimos anos da sua vida.
Além de vários louvores, José da Fonseca Lebre foi agraciado com a medalha de prata de comportamento exemplar, com a medalha comemorativa das campanhas em África e era comendador da Ordem Militar de Avis.
José da Fonseca Lebre faleceu, em Lisboa, em 22 de outubro de 1923.
Foi consultado o Arquivo Histórico Militar, donde foi possível extrair alguma relevante informação para esta pequena nota biográfica.